quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Sem dúvida.

Ouvi dizer por aí que você ainda me ama, e eu não duvido disto. Mas de que isto importa agora? Seu modo de amar é torto, seu amor não é o amor que quero para mim, seu modo de amar fez com que meu amor por você morresse. Aí vem o clichê: "Se morreu, não era amor". Era sim.
Amor é um sentimento infinito, é para sempre, e eu também não duvido disto. Mas o para sempre é relativo, o meu para sempre foi até o momento que existiu, e foi infinito enquanto durou.


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Despertar.


 De manhã, do meu quarto ouço pássaros a cantar, vejo no pé de carambola, os frutos amarelos cor d’ouro brilham a luz do que me manda raios que enchem o meu quarto de luz e paz, o vento invade o ambiente e faz as fotos fixadas no mural balançarem, com a visão ainda embaçada olho para o colorido formado pela mistura de imagens e rostos dali, a brisa suave percorre o lençol que envolve meu corpo, que sensação gostosa. Sobre a janela dois vasos com crisântemos, um com flores vermelhas cujo miolo amarelo lhe dá um contraste magnífico, o outro vaso com flores lilás, combinando com as paredes pintadas por mim, no meio dos dois um singelo vaso com um cacto, singelo em aparência, mas rico em significado, o móbile dança conforme o vento. Lá fora escuto os poodles brincando, latidos, grunhidos, todos de alegria, gostaria de ser como eles, que todos os dias acordam assim, dispostos para a vida, felizes pelo simples amanhecer. Cheiro de café preto pelo ar, rádio ligado, mamãe reclama, papai retruca, risadas na cozinha, gatas miam querendo leite, o jornal chega, não estou só, obrigada Senhor. Cama gostosa, preguiça boa, como é difícil levantar, mas a vida chama.
Estico o corpo, abro o sorriso. Bom dia!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Início e Fim.

Hoje pensei na vida, e pensando nisto, pensei também na única certeza que temos nela, a morte.
Parece mórbido, mas para mim foi um pensamento feliz. Não que eu a deseje(longe disto), mas este pensamento me deu uma sensação de satisfação com a vida, sei bem que minhas metas não foram alcançadas, que não fiz tudo que desejo, mas olho para trás, o caminho que percorri, e vejo flores, um canteiro imenso de flores, bem adubadas com os erros que cometi, com os tombos que levei e por isso mesmo elas cresceram belas, perfumadas, vigorosas.
Imagino quem iria ao meu funeral, àqueles que iriam por formalidade e àqueles pelo sentimento e ainda àqueles que a dor seria tão grande que não suportariam ir, acreditem, eu entenderia. Já perdi pessoas a quem eu amei muito e não suportei vê-las "encaixotadas", e de fato não vi, e sou feliz por que tenho a última imagem delas em vida guardadas em minha memória. Sou uma pessoa que me impressiono muito com imagens, elas ficam como fotografias em minha mente, tenho um álbum guardado comigo, sorrisos, expressões, gestos, olhares...
É legal saber que as pessoas se sentiriam tristes por você não estar mais com elas, mas eu tenho agonia de ver gente chorando perto de mim, eu nunca sei o que dizer, como agir, na boa, sou péssima nisto, sendo assim , no meu funeral, queria músicas alegres, tem umas músicas de Nando Reis, Diogo Nogueira, uns sambinhas legais, desses que exaltam a vida, que dizem que tudo valeu a pena, que é pra ter fé... Nada de tocar "Epitáfio" dos Titãs, é música mais depressiva possível para o momento, podem achar conveniente para o momento, clima de enterro e tal, mas acreditem, não é.
Não há nada mais tenso do que o cortejo até o cemitério, nesta hora para descontrair poderam lembrar das minhas piadas sem graça, os micos que já paguei, minhas leseiras, nerdices, passamentos, quem sabe assim alguém atinge a façanha que tive há alguns anos atrás de chorar e rir ao mesmo tempo, é engraçado, eu garanto.
Na hora do enterro, algumas precauções acho importante ressaltar, não gostaria de ser enterrada com nada que não fosse biodegradável, passei a vida toda me preocupando com o meio ambiente, jogando papelzinho de bala na bolsa pra não jogar no chão, no momento final não quero vacilar. Ah! Gosto tanto dos meus sapatos, que não quero nenhum se acabando na terra viu, vou descalça.
Na minha lápide uma foto minha (colorida, volto para puxar o pé de quem colocar uma 3x4) feliz, igual a vida que tive, como na maioria do tempo sou. Quero que quem passe por lá não lamente-se por que me fui, e sim alegre-se por que feliz fui.
E assim gostaria que fosse, ser lembrada assim, até que chegasse o tempo que eu me tornasse apenas uma lembrança distante, acontece, o tempo passa, a vida muda, o que fica guardado é o mais importante, a lembrança, mesmo distante, que seja boa, que seja feliz, que seja doce.
E o mais engraçado, que pensando na minha morte, revelo quem sou em vida.


Na mesma pedra se encontram,
Conforme o povo traduz,
Quando se nasce - uma estrela,
Quando se morre - uma cruz.
Mas quantos que aqui repousam
Hão de emendar-nos assim:
"Ponham-me a cruz no princípio...
E a luz da estrela no fim!"
[Mário Quintana]

sábado, 10 de setembro de 2011

Portões abertos.

Ontem eu era outra, não muito diferente de quem sou hoje, mas algo em mim mudou, mudou para melhor. Eis um trecho do meu post anterior:

Admiro sendo hipócrita, pois sei que não teria coragem para tanto, sei que não sou mais capaz de lançar-me em algo assim, não sei se abriria os portões do meu castelo desta forma, no auge dos meus 20 e poucos anos parece ser um tanto precoce tal declaração, mas hoje é assim que me sinto, hoje esta sou eu, esta é a verdade que carrego comigo hoje, amanhã já não sei.

Hoje eu acredito, abri os portões de meu castelo e deixei que o sentimento entrasse. O amanhã chegou, em uma semana mudei conceitos. Hoje me vi comprando passagens, vou percorrer quase 3000km, lançar-me-ei nesta "aventura", não de cabeça, não de uma vez, não criando mil expectativas, mas vou, o "ir" já é ousado demais para este coração cansado, já é um passo largo o bastante para mim. Cabeça nas nuvens, mas com os pés no chão (pelo menos hoje, quanto ao amanhã, mais do que nunca, sei que não sei).